A importância de se restaurar áreas verdes urbanas

Nos encontramos cada vez mais em avanço no processo de urbanização global, através do crescimento das cidades e dos demais espaços de infraestrutura. A falta de planejamento urbano, característica típica de desenvolvimento de anos passados que se mostra com consequências em dias atuais através de quadros de degradação, tornou cada vez mais evidente a necessidade de mudanças e a busca pelo equilíbrio entre o espaço modificado e as áreas naturais, essas muitas vezes visadas para o desenvolvimento imobiliário puro.

É nesse contexto que entram as áreas verdes urbanas, tais como os parques e praças municipais, assumindo uma importante função não só na qualidade de vida da população, mas na sustentabilidade como um todo. O acesso a áreas verdes promove a saúde física e mental, já que oferece locais para atividade física, recreação e relaxamento. Além disso, estudos comprovam que a presença de espaços verdes em áreas urbanas está associada à redução do estresse, melhoria da saúde mental e aumento da expectativa de vida.

Adaptação das cidades às mudanças climáticas

Mas os ganhos advindos da implantação e/ou restauração de áreas verdes dentro de espaços urbanos vão muito além da questão ambiental meramente física (visual, ornamental e paisagística), sendo de extrema importância no processo de adaptação das cidades às mudanças climáticas. Elas possuem a capacidade de diminuir os danos causados pelas consequências da poluição e dos ruídos, como redução da temperatura (que se eleva pela presença de estruturas e elementos da cidade como edificações, asfalto, telhas de amianto, concreto, vidro, metal entre outros materiais), alteração na velocidade e direção dos ventos, balanço hídrico, bem como abrigo a diversos animais silvestres, como pássaros, insetos e alguns microorganismos e até pequenos primatas. Podem ainda atuar como “pulmões antrópicos”, já que são determinantes para a dinâmica de doenças, principalmente das vias respiratórias ou aquelas que atingem grupos mais suscetíveis. Já é fato que cidades com mais verdes, possuem menos internações por causas respiratórias.

As áreas verdes podem contribuir com os corredores ecológicos (leia a matéria da edição 431, de 10 de agosto de 2024 e relembre sobre corredores ecológicos) e ajudar a manter a biodiversidade, apoiando a migração e a reprodução das espécies ao unir fragmentos florestais.

Estas áreas não são apenas elementos estéticos das cidades, mas desempenham funções vitais que impactam, como já foi citado, diretamente a qualidade de vida dos habitantes. Dessa forma, deve ser acessível a todas as comunidades de modo a promover a justiça social e ambiental e assim assegurar que todos tenham acesso aos benefícios promovidos por essas áreas.

Educação Ambiental se torna fundamental

A restauração de espaços verdes nos ambientes urbanos deve estar alinhada sempre com o desenvolvimento sustentável e deve ser vista como componente crítico de uma estratégia mais ampla de mitigação da poluição, onde os esforços para reduzi-la são integrados com iniciativas para compor e proteger esses espaços vitais.

A criação, restauração e a manutenção de áreas verdes são, portanto, fundamentais para suavizar os impactos das mudanças climáticas e melhorar a saúde ambiental das cidades e os órgãos públicos são responsáveis e precisam gerenciar e manter esses espaços. É preciso incluir a integração desses locais nos planos de desenvolvimento do município pensando sempre na construção sustentável e uso responsável do solo. Mas também é dever da população contribuir com sua conservação, afinal são áreas comuns, de benefícios a todos, pois desempenham funções essenciais, sejam elas ecológicas, estéticas ou sociais, e pra isso a Educação Ambiental se torna fundamental pois incentiva a participação comunitária e a conscientização ambiental, fortalecendo o compromisso das cidades com a sustentabilidade.

Sabemos dos efeitos das áreas verdes sobre a saúde mental e física da população.

É importante ainda, salientar que ao restaurarmos áreas verdes dentro de espaços urbanos, estamos contribuindo para a valorização do convívio social, para valorização econômica das propriedades, mas também para a formação de uma memória e do patrimônio cultural. Portanto é necessário que os gestores públicos e os agentes econômicos e sobretudo, o capital imobiliário tenham compromisso com as políticas públicas de implementação e restauração de áreas verdes na cidade.

Juliana Mendes Vasconcelos / Bióloga / Ma. em Ciências e Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável / Colaboradora da Promutuca / www.promutuca.com.br • adm.promutuca@gmail.com

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