A importância do ESG para o resultado das empresas

Para o professor especialista da Fundação Dom Cabral e sócio da Goose – Consultoria & Treinamentos, Haroldo Márcio, governança ambiental, social e corporativa deve ir muito além de uma ferramenta de marketing e tem impacto direto na longevidade do negócio.

Um assunto que começou em 2023 em alta é o ESG, sigla em inglês adotada pelo mercado financeiro para destacar um conjunto de práticas e ferramentas que servem para avaliar a sustentabilidade corporativa. A crise da empresa Americanas, desencadeada pelo escândalo contábil no qual R$ 20 bilhões deixaram de ser registrados como dívidas no seu balanço, culminou em um pedido de recuperação judicial no último dia 19 e colocou em evidência o tema. Mais do que a perda da credibilidade da empresa, o caso também gerou impactos diretos em muitas outras companhias, que passaram a ter sua cultura de integridade questionada.

O termo ESG surgiu ainda em 2004 em uma publicação do Banco Mundial, em parceria com Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de nove países responsáveis pela administração de mais de 20 trilhões de dólares. Chamada de “Who Cares Wins”, a proposta tinha como objetivo obter o apoio para encontrar a melhor forma de integrar os fatores ao mercado de capitais.

Mas, afinal, o que é isso e qual a sua importância nos tempos atuais?

Quem responde essas perguntas é o professor especialista da Fundação Dom Cabral e sócio da Goose – Consultoria & Treinamentos, Haroldo Márcio. “Embora não seja um conceito em si, esse acrônimo trata da preocupação que empresas devem ter com a conservação do meio ambiente, a atenção às mais diversas causas sociais e a implementação de práticas de governança”, explica. “O recente caso da Americanas deixou claro que não basta utilizar veículos de energia renovável e possuir práticas sociais voltadas para famílias carentes. Tão importante quanto esses cuidados e seu discurso deve ser a preocupação com a sustentabilidade do negócio”, acrescenta o consultor.

Na opinião de Haroldo, o impacto da crise da holding brasileira é enorme e ainda é difícil ser mensurado com precisão. “Quantos fornecedores serão prejudicados? Quantos trabalhadores ficaram desempregados? Quantos negócios deixarão de existir por não receberem seus devidos valores? São questões colocadas e ainda de difícil respostas. E tudo isso provocado a partir da falta de governança da empresa”, avalia.

Longevidade do negócio

Há três anos, a multinacional estadunidense, sediada em Nova Iorque e com forte presença na América Latina, anunciou que deixaria de fazer aplicações em instituições que não tivessem práticas alinhadas ao ESG. Era uma sinalização de que não era suficiente estar preocupado com o lucro ou resultados de curto prazo, mas é importante considerar a longevidade da instituição. “É preciso entender que não basta ajudar uma comunidade vizinha, mas permitir o rompimento de uma barragem e destruir um rio. Nem cuidar como poucos do meio ambiente, mas ter trabalho escravo. Ou ainda cuidar do meio ambiente e das questões sociais, mas não olhar para a governança”, pontua o especialista.

Cada vez mais é necessário discutir as ferramentas ESG nas companhias, a maneira adequada de executar o processo de implantação e como levar isso aos clientes. “Não há dúvidas de que esse é um diferencial para as empresas, tanto para atrair mais público quanto para captar mais investimentos. A longevidade do negócio está diretamente ligada a isso. Em outras palavras, não dá para discutir seu futuro sem passar por esses pontos”, pondera. “O ESG explicita as questões sociais, ambientais e de governança relacionadas aos negócios e proporciona os processos e métricas para acompanhar a evolução dessas variáveis de maneira orgânica, além de sua relação com a estratégia organizacional”, ressalta.

Mudanças no padrão de consumo

Em 2015, a ONU definiu os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, vistos como um apelo global para erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, além de garantir que as pessoas possam desfrutar de paz e de prosperidade em todo o planeta. Entre esses propósitos da chamada Agenda 2030, desdobrados em 169 metas, estão o consumo e a produção responsáveis, o trabalho decente e o crescimento econômico, a energia limpa e acessível, além de instituições eficazes. “Essa é uma forma muito interessante que uma empresa tem de demonstrar, na prática, o seu ESG e como cada ação se conecta com esses objetivos de desenvolvimento sustentável”, afirma o especialista.

Share this post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *