Defensores dos direitos animais e ambientais, além dos moradores estão alarmados com os inúmeros casos de animais deixados à própria sorte, vagando pelas ruas de Alphaville, sujeitos à fome, doenças e diversos perigos.
Longe das vistas panorâmicas da belíssima Lagoa dos Ingleses uma realidade se manifesta, marcada pelo abandono irresponsável de animais domésticos e suas consequências. O cenário é alarmante, com inúmeros casos de animais deixados à própria sorte, vagando pelas ruas de Alphaville, sujeitos à fome, doenças e diversos perigos. Entre os desafios enfrentados pelos moradores, destacam-se as questões relacionadas à saúde pública e ao equilíbrio ambiental da região.
O diretor presidente da Associação Geral de Alphaville (AG), Thomaz Mattos de Paiva relata que o problema do abandono de animais na região existe há 10 anos. “Os animais vão ficando selvagens e atacam outros como capivaras e pássaros, chegando até a avançar em ciclistas. Precisamos fazer campanhas para conscientizar os moradores a não alimentar os animais para não virar um ciclo vicioso. Além disso, o número de gatos cresceu assustadoramente e tememos pela contaminação de suas fezes e urina nos parques de areia onde as crianças brincam”, alerta Paiva.
A AG já conseguiu uma parceria com a Prefeitura de Nova Lima para a castração dos animais, mas Paiva ressalta que o município fica limitado frente ao problema do abandono dos animais. A conscientização da comunidade, a implementação de políticas públicas voltadas para o bem-estar animal e a promoção da adoção responsável são passos fundamentais. “Somente com esforços conjuntos, envolvendo autoridades, organizações não governamentais, moradores e ativistas, será possível enfrentar esse desafio”, acrescenta.
Abandono de animais é crime
Nesse contexto, a atuação dos defensores dos direitos animais e ambientais torna-se fundamental. Dentre eles, destaca-se o deputado Fred Costa, que é um ativista na luta contra o abandono de animais. Ele é o autor da Lei Sansão (Lei n. 14.064/2020), que estabelece medidas mais rigorosas para punir aqueles que praticam maus-tratos contra animais. Segundo informou Clarissa Guerra Lustosa, veterinária e assessora parlamentar do deputado, o abandono de animais, seja em locais públicos ou particulares, é considerado um crime de maus-tratos conforme essa lei, com pena de 2 a 5 anos de reclusão. Além disso, há previsão de cobrança de multa, porém, nesse caso, a pessoa ainda permanece sujeita ao processo judicial. Ela ressalta a importância de a população ficar atenta a esses casos, enfatizando a necessidade de coleta de provas como fotos e vídeos. Em caso de flagrante delito, basta ligar para o número 190 que a Polícia tomará as medidas cabíveis.
O Engenheiro Victor Melo, especializado em sustentabilidade, protetor de animais e fundador da empresa Pega Pra Castrar, ressalta que apesar de ser um crime, as pessoas desconhecem os impactos dessa ação: “Ignorar que o problema existe ou se eximir de responsabilidades é o primeiro passo para um descontrole populacional de animais. Por experiência de diversos órgãos públicos, empresas e condomínios que conseguiram resolver questões como essa, a melhor alternativa é a implantação de políticas de manejo através do protocolo Captura, Esterilização e Devolução (C.E.D). Como nem sempre é possível conseguir adoção pra esses animais, a castração para que eles não se reproduzam deve ser a primeira prioridade”, orienta Victor Melo.
Melo explica que animais que têm acesso à rua e não são castrados geram uma quantidade significativa de filhotes, muitas vezes adotados por tutores despreparados, perpetuando esse ciclo e, eventualmente, levando alguns a considerarem o abandono como solução.
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