A iniciativa visa promover o bem-estar animal e evitar a superpopulação felina nas dependências de residências e empresas.
Viver próximo à natureza é um privilégio nos dias atuais, mas tem seus desafios. Os moradores de bairros e condomínios situados próximos a Áreas de Preservação Permanente (APP), especialmente, convivem diariamente com a fauna e flora local e têm a responsabilidade de manter o equilíbrio ambiental. Um dos desafios, portanto, é prover o equilíbrio entre os gatos de vida livre locais e a fauna silvestre.
A presença dos felinos impacta na fauna local, uma vez que eles são predadores naturais de pequenos animais. Além disso, uma superpopulação de gatos em constante reprodução pode provocar a disseminação de zoonoses, como a esporotricose, doença endêmica em Nova Lima.
Em média, uma fêmea pode ter até quatro gestações ao ano, com uma média de quatro filhotes por ninhada. Considerando que, neste meio tempo, os filhotes chegam à maturidade sexual e também podem se reproduzir entre si, o crescimento populacional de felinos é exponencial podendo a partir de um único casal inicial, chegar a dezenas no primeiro ano e centenas no segundo. A melhor solução segue sendo a prevenção por meio da castração.
Pega para castrar
Desde 2019, a empresa Pega para Castrar já realizou a captura de mais de 500 gatos para serem castrados por protetores, ONGs e condomínios de Nova Lima e Belo Horizonte. A ideia surgiu diante da insuficiência de ações do poder público para suprir toda a demanda para controle de colônias.
“Os contatos são muito parecidos, em geral a procura pela nossa solução é precedida por uma espera frustrada da ação das prefeituras, enquanto as colônias aumentam. Em alguns casos são feitas castrações pontuais por iniciativas particulares, mas é necessário castrar em maior volume do que eles se reproduzem, e para isso precisamos de uma solução mais estruturada”, ressalta Victor Filipe, criador da Pega para Castrar.
O processo inicia-se com um diagnóstico da situação dos felinos que transitam e vivem no espaço, mapeando a quantidade, sexo, hábitos e características dos gatos, conhecendo a política do condomínio para a convivência com os animais, identificando os cuidadores e outros aspectos importantes para a viabilidade do trabalho. Em seguida, a empresa promove uma capacitação com representantes, moradores e funcionários, a fim de conscientizá-los sobre a importância da castração, orientações de cuidados e como fazer o manejo ético dos animais.
“O acesso às informações, como hábitos dos animais, é a chave do sucesso e, sem o apoio de todos, as ações ficam limitadas aos animais que são mais facilmente vistos. Com o amplo envolvimento de moradores e funcionários, é possível montar um banco de dados no qual todos os animais que são vistos nas dependências podem ser identificados como castrados ou não, para o adequado planejamento das ações”, ressalta Victor.
A terceira etapa é a captura e a condução dos felinos para a castração. Após o procedimento cirúrgico com técnicas minimamente invasivas e administração de medicação injetável de longa duração, os gatos recebem um pequeno corte na ponta da orelha para sinalizar sua esterilização, prática aprovada pelo CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), e são soltos novamente após a recuperação pós-anestésica.
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