A dengue mata e a população desconhece os testes e exames laboratoriais para diagnóstico. Com o final do período chuvoso, a expectativa do Ministério da Saúde é de aumento de casos.
Considerada endêmica no Brasil, a dengue tem sido responsável por levar cada vez mais pessoas ao hospital. Na suspeita de dengue, é importante buscar ajuda médica para que sejam feitos exames mais específicos para fazer o diagnóstico diferencial e iniciar a conduta medicamentosa adequada. Vale lembrar que, em casos mais graves, o vírus pode afetar o fígado e o coração. Mais uma vez, o diagnóstico precoce evita o agravamento da doença. O Brasil deve bater o recorde anual de mortes em 2022. Até o boletim mais recente do Ministério da Saúde, de 5 de dezembro, foram 978 óbitos – número superior à soma dos dois anos anteriores.
O vírus causador da dengue é classificado como um arbovírus que se mantém na natureza pela multiplicação no mosquito Aedes Aegypti – o mesmo transmissor da Zika e Chikungunya. A doença é causada pela picada do mosquito infectado, que aparece com mais frequência em regiões mais úmidas. E o alto verão – período propício para grande quantidade de chuvas – mal chegou e o cenário já é tão crítico.
Os sintomas indicativos da dengue clássica são dores de cabeça intensa e no fundo dos olhos, dificuldade para movimentar as articulações, dor muscular em todo o corpo, tonturas, náuseas e vômitos, além de pintinhas vermelhas pelo corpo com ou sem coceira. Já no caso da dengue hemorrágica, os sintomas incluem manchas vermelhas na pele, hematomas e sangramentos frequentes no nariz ou gengivas. Os sinais surgem normalmente 4 a 7 dias após a picada do mosquito infectado pelo vírus. Se surgir febre acompanhada de dois ou mais sintomas, é recomendado ir procurar o hospital para que o diagnóstico seja feito.
Para o diagnóstico, além da avaliação dos sintomas apresentados pelo paciente, são realizados exames laboratoriais. De acordo com a infectologista do Hermes Pardini, Melissa Valentini, assim como no caso da Covid-19, há uma diversidade de tipos de testes, moleculares e sorológicos, para detecção e diagnóstico da doença. O exame molecular (RT-PCR), nos primeiros cinco dias, é o padrão ouro para o diagnóstico. O hemograma e o coagulograma também são solicitados pelos médicos para diagnóstico da dengue, principalmente da versão hemorrágica. Exames bioquímicos para dosagem de albumina e das enzimas hepáticas TGO e TGP, indicam o grau de comprometimento do fígado e sendo indicativo de estado mais avançado da doença.
Segundo a médica, no caso da dengue, é possível fazer durante os primeiros cinco dias de evolução dos sintomas clínicos, o teste RT-PCR. “Temos o exame para diagnóstico isolado da dengue ou para Zika e Chikungunya juntos – já que têm sintomas semelhantes. No caso do PCR, que é um exame molecular, é possível fazer a tipagem do vírus, identificando qual dos quatro tipos ele é. Tem também o teste antígeno, que também pode ser feito nos primeiros cinco dias de sintomas. Depois desse tempo, a partir do quinto dia, idealmente após o sétimo dia, tem os testes de sorologia, IGM e IGG e os testes rápidos que identificam o anticorpo ou antígeno”, explicou Melissa Valentini.
Os testes moleculares (RT-PCR) não são cobertos pelos planos de saúde e não é necessário pedido médico para realizá-lo em alguma das unidades do Hermes Pardini ou em domicílio. No caso das gestantes, há cobertura dos planos para realização do PCR e diagnóstico da Zika. Já os testes sorológicos são cobertos pelos planos de saúde e, para fazê-los via convênio é preciso pedido médico.
“Os cuidados contra a dengue continuam os mesmos: evitar o acúmulo de água parada e lixo em quaisquer recipientes, dentro ou fora de casa, onde possa haver um criadouro do mosquito. A participação ativa da população neste cuidado é essencial para barrar o avanço da doença”, alertou Melissa Valentini.
A infectologista lembra também que existe vacina disponível. “Entretanto essa vacina só pode ser aplicada em pessoas que já tiveram dengue. A imunização evita as formas graves da doença, que são mais comuns no segundo episódio da doença”, explicou a médica.
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