Sobre Nanoplásticos

Na história da humanidade, já tivemos a Idade da Pedra e a Idade dos Metais, homenageando os materiais usados na fabricação de ferramentas e utensílios que propulsionaram o desenvolvimento da tecnologia e das civilizações. Pensando assim, não há dúvida: nos dias de hoje, estamos da Idade do Plástico.

Desde a hora que acordamos, quando pegamos a escova de dentes, nos penteamos, desembalamos nossas comidas e bebidas, nos eletrodomésticos da casa, no celular que nos acompanha o dia todo, nos veículos que nos transportam, em praticamente tudo na vida atual se encontra plástico. Não é à toa: existe material mais versátil?

Nos nossos rios, matas e praias então, onde não deveriam estar, é justamente onde grande parte deles acabam. Mesmo em lugares onde a gente não os vê. Citando apenas um exemplo, muitas das roupas que usamos possuem fibras sintéticas de plástico, como o poliéster, que se desprendem durante a lavagem, sendo lançadas para o esgoto, e depois nos rios e oceanos. Imagine esse mesmo raciocínio para todas as coisas de plástico que fabricamos e consumimos.

Impactos no meio ambiente

Com o avanço da tecnologia (e o auxílio do plástico, é verdade), já é possível detectar que microplásticos (do tamanho de um grão de argila) e nanoplásticos (do tamanho de um vírus) estão vastamente distribuídos no meio ambiente, até em locais considerados mais preservados, como rios alpinos, nas águas subterrâneas, florestas ou no alto de geleiras. Os resíduos plásticos estão presentes no solo, na água e no ar., Ou seja, já estão incorporados nos ecossistemas e na cadeia alimentar de seres humanos e animais, por sua disposição inadequada no ambiente.
Um estudo da Universidade de Columbia, de março de 2024, descobriu que 1 litro de água engarrafada continha uma média de 240.000 partículas plásticas de sete tipos diferentes de plásticos. Cerca de 90% dessas eram nanoplásticos.

A presença desses materiais pode alterar funções metabólicas dos seres vivos por toxicidade física e química, afetando o crescimento, desenvolvimento, bioquímica e fisiologia dos organismos.

Efeitos na saúde humana

O material está tão agregado à nossa vida que já foi encontrado dentro de nós, em praticamente todos os órgãos, tecidos e fluidos onde foram investigados: pulmões, fígado, coração, rins, intestinos, placenta, cérebro (!), sangue, artérias, sêmen e leite materno.

Possíveis impactos na saúde incluem inflamações, danos cardíacos, distúrbios endócrinos, redução da fertilidade, e prejuízo ao sistema imunológico.

Ainda há muito a ser pesquisado, porém a ciência já evidencia que a presença de plástico nos organismos representa uma preocupação para a saúde pública.

O que fazer?

É difícil imaginar um mundo sem plástico. Alguns deles são quase impossíveis evitar, como as embalagens de alimentos nos supermercados. Contudo, podemos reduzir, em muito, os plásticos de uso único, como sacolas e copos de plástico.

Use uma sacola de pano, de papel ou reciclável para as compras e leve copos, talheres e utensílios mais duradouros para o trabalho. Reduza os objetos plásticos em casa, evitando as roupas de fibras sintéticas e o consumo de alimentos e bebidas embalados em plástico que, quando aquecidos, liberam ainda mais dessas partículas.

Em nível social, você pode unir forças com outras pessoas que se preocupam com a saúde e o meio ambiente para alavancar a implantação de medidas para reduzir a poluição plástica no mundo, levando em conta seu ciclo completo de vida– desde a extração e a produção do petróleo até o descarte e a reciclagem.

Gisele Kimura / Membro do conselho deliberativo da Promutuca./ www.promutuca.com.br • adm.promutuca@gmail.com

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