Dengue: um desequilíbrio do meio ambiente

A dengue, uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, faz vítimas todos os anos. Esse ano tem causado grandes estragos no Brasil, no entanto ela já é conhecida por ser um dos principais problemas de saúde pública no mundo.

A proliferação do Aedes aegypti está diretamente relacionada às condições ambientais, como temperatura, umidade e acúmulo de água parada no ambiente, seja ela suja ou limpa. Essas condições possibilitam sua reprodução mais facilmente.

Regiões tropicais e subtropicais, caracterizadas por climas quentes e úmidos, proporcionam condições ideais para a reprodução e o desenvolvimento desse artrópode. Além disso, o desmatamento e a urbanização descontrolada criam ambientes favoráveis para o acúmulo de resíduos e água estacionada, locais de procriação preferenciais do vetor.

Mudanças climáticas

Já está comprovado que as mudanças climáticas têm um papel significativo na expansão geográfica do Aedes aegypti e, consequentemente, no aumento da incidência de dengue. O aumento das temperaturas globais facilita o desenvolvimento do mosquito em regiões anteriormente sem condições para sua sobrevivência. Eventos climáticos extremos, como chuvas intensas seguidas de períodos de seca criam condições favoráveis para a reprodução do inseto aumentando o risco de surtos de dengue. Na contramão dessa história, temos observado uma diminuição considerável da população de libélulas, outro artrópode, que se alimenta das larvas de Aedes aegypti e desses mosquitos na fase adulta, principalmente nas zonas urbanas.

Por consequência, vemos um meio ambiente prejudicado pela inexistência de um predador capaz de equilibrar a cadeia alimentar, alterando assim todo o ecossistema ambiental. Isso impacta não só o meio ambiente físico, a biota e a biodiversidade, mas acaba afetando a sociedade como um todo, pois lhe ocasiona grandes transtornos de ordem econômica, social e principalmente de saúde.
Preservar o meio ambiente é uma estratégia crucial na luta contra a dengue e requer um esforço coletivo. Áreas verdes bem conservadas, com manejo adequado de resíduos e sem água parada, são menos atrativas para o Aedes aegypti. Além disso, a conservação de áreas naturais e a promoção de espaços urbanos planejados, com saneamento básico eficiente, são medidas que contribuem significativamente para a prevenção da doença.

Enquanto o governo e outras instituições tomam medidas mais elaboradas de prevenção e controle da doença, medidas simples como evitar o acúmulo de líquidos indesejáveis em recipientes abertos, limpar calhas e pratos de plantas, e descartar adequadamente o lixo, podem ser tomadas no nosso dia a dia por cada um de nós e se tornam essenciais para eliminar os potenciais criadouros do mosquito. Além disso, campanhas de conscientização sobre a importância do manejo ambiental responsável e da participação comunitária são fundamentais para o controle efetivo do problema.

Educação ambiental

Fundamental como sempre, a educação ambiental está presente para instruir e alertar a sociedade que somente com o controle populacional do Aedes aegypti teremos sucesso no combate dele e da sua enfermidade. Alinhadas a ela, estão ainda as ações sustentáveis, como a coleta seletiva, reciclagem, logística reversa, saneamento básico, dentre outras.

A relação entre a dengue e o meio ambiente apesar de parecer simples, é bem mais complexa do que se imagina e possui características variadas que podem ser observadas e analisadas por vários ângulos, desde as condições climáticas até as práticas de manejo ambiental. A prevenção e o controle eficazes desse problema de saúde pública passam pelo entendimento da relação entre homem-natureza e pela adoção de medidas sustentáveis de conservação ambiental e gestão urbana.

É responsabilidade de todos nós, individual e coletivamente, agir de maneira consciente, prestativa e eficiente com o objetivo de manter o meio ambiente natural ou artificial e urbano menos propício à proliferação do Aedes aegypti e, consequentemente, reduzir a incidência da dengue. Juntos, podemos e faremos a diferença nesse impasse com a dengue, além de promover uma convivência mais harmoniosa com o meio ambiente.

Juliana Mendes Vasconcelos / Bióloga / Ma. em Ciências e Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável / Colaboradora da Promutuca / www.promutuca.com.br • adm.promutuca@gmail.com

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