Descendo a serra da mineração e abrindo caminho para a diversificação

As reservas de minério possuem uma vida útil, que no caso das de Nova Lima, giram em torno de 40 a 50 anos. Por outro lado, investimentos em infraestrutura podem atrair negócios estratégicos.

Atualmente, metade da receita do município de Nova Lima é proveniente da chamada Compensação Financeira Pela Exploração Mineral (CFEM). De acordo com o portal Tesouro Nacional Transparente, em 2022, os royalties da atividade minerária na região representaram um valor de R$ 139 milhões e, somente este ano, já chegam a R$ 44 milhões. Isso contribuiu para que o município atingisse um orçamento de R$ 1,2 bilhão para o ano de 2023. Parece uma boa notícia. E é, contando que o município consiga se tornar independente da mineração nas próximas quatro décadas.

Por isso, o tema diversificação econômica entrou na pauta dos gestores e do empresariado. Por um lado, as reservas de minério possuem uma vida útil, que no caso das de Nova Lima, giram em torno de 40 a 50 anos. Por outro, devido ao seu potencial econômico, a região apresenta uma crescente demanda de consumo. O PIB per capita de sua população foi de quase R$ 127 mil, superior à média do Estado (R$ 32,1 mil) e da grande região de Belo Horizonte (R$ 38,8 mil).

Novos negócios

Esse poder aquisitivo é um solo fértil para a implantação de novos negócios. Dados do IBGE mostram que, nos últimos dez anos, Nova Lima subiu 11 posições no ranking que contabiliza o número de empresas e outras organizações atuantes por município, em comparação ao restante do Estado. Isso refletiu no número de assalariados, que avançou quatro posições no mesmo período. Quanto maior a demanda, maior a oportunidade.

O CEO da Kace.AI, Adriano Taveira, tem convicção sobre essa janela de oportunidade, mas pondera que investimentos e melhorias em infraestrutura devem acompanhar esse desenvolvimento, para garantir sua sustentabilidade e atrair negócios estratégicos para cada polo da cidade, de acordo com sua vocação.

Adriano, que palestrou no evento de Leitura de Cenários Socioeconômicos, Forecasting 2023/2024, analisa que o centro tecnológico do Silicon Valley, nos Estados Unidos, vive uma evasão, uma vez que o custo para operar na região se tornou alto e a própria tecnologia permitiu que empresas continuassem suas operações fora do local. Isso se deu devido ao custo de operação. Segundo ele, o Vetor Sul tem um potencial para trilhar o caminho inverso ao da famosa cidade Norte Americana, pois oferece qualidade de vida e boa infraestrutura. Para garantir isso, a região precisa apenas cuidar para que questões de problemática urbana não ofereçam obstáculos à recepção dos novos habitantes empreendedores.

Uma estrada digital, rumo a um horizonte de diversificação

Fábio Veras, empresário, presidente do Conselho de Tecnologia e Inovação da FIEMG, presidente do Sindicato das Indústrias de Software de Minas Gerais e membro titular do Conselho Consultivo da ANATEL, delineia os potenciais da região. O empresário destaca a localização estratégica do Vetor Sul, situado próximo a Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o que facilita o acesso a mercados e a conexão com outras empresas e centros de inovação. Além disso, “os bairros do Vetor Sul possuem infraestrutura adequada, com áreas empresariais, espaços de coworking, centros de convenções e bons serviços públicos, além de oferecerem uma alta qualidade de vida aos seus residentes”, afirma.

Veras chama a atenção para fato de que “a região abriga a renomada instituição de educação Fundação Dom Cabral, ranqueada entre as 8 melhores Escolas de Negócios do mundo, e centros de pesquisa empresariais, como o da BIOMM, empresa de biotecnologia 100% nacional que desenvolve e comercializa medicamentos inovadores e de alta tecnologia para o tratamento de doenças crônicas. Essas instituições atraem gente do Brasil inteiro e promovem a formação de profissionais qualificados, impulsionando a inovação. Isso atrai talentos e estimula o desenvolvimento de startups e empresas de base tecnológica”, salienta.

Esse é o caminho para a formação de ecossistema de inovação, que são ambientes que fomentam a colaboração, a criatividade e o desenvolvimento de novas ideias. Eles englobam uma variedade de atores, como empresas, universidades, instituições de pesquisa, startups e o setor público, que se unem para criar um ambiente propício à inovação. Esses ecossistemas são caracterizados pela troca de conhecimento, pela disponibilidade de recursos e pela existência de uma cultura empreendedora. Segundo ele, o exemplo vem de Nova Lima. “O Prefeito de Nova Lima, João Marcelo, e o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Abner Henrique, fizeram uma grande contribuição nesse sentido, ao criar o programa INOVATECH para Startups, além de incubadoras como o BiotecTown, aceleradoras, parques tecnológicos e investidores, favorecendo o surgimento e crescimento de novos empreendimentos”, reconhece Fábio Veras.

“Acredito que o Vetor Sul é uma região com condições favoráveis para o crescimento dos setores de tecnologia da informação e biotecnologia/saúde. A presença de empresas especializadas e profissionais qualificados impulsiona a criação de soluções tecnológicas inovadoras, enquanto instituições de pesquisa e hospitais de referência contribuem para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores na área da saúde”, ressalta o empresário.

Além disso, ele pontua que “a região atrai investidores interessados em negócios inovadores, oferece recursos financeiros e promove um ambiente propício ao empreendedorismo. A proximidade física entre empresas, instituições de ensino, pesquisa e investidores facilita o networking e a colaboração, fortalecendo o ecossistema de inovação local e gerando oportunidades de negócios e compartilhamento de conhecimento”.

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