Movimento SOS BR-040 e os usuários decidiram realizar uma manifestação com o intuito de sensibilizar as autoridades para a situação precária da rodovia. O ato será realizado no dia 17 de fevereiro e contará com várias ações, entre elas um grande outdoor mostrando o número de mortes na rodovia, faixas, adesivos para carros, publicações em mídias sociais e até um cortejo na BR.
Sem poder esperar o leilão da nova concessão e as obras emergenciais tão prenunciadas, além buscar maior fiscalização por parte das instituições governamentais, usuários, trabalhadores e moradores de áreas e cidades lindeiras da BR-040, impactados pelos acidentes ocorridos na rodovia e insatisfeitos com a ausência e descaso do poder público no trecho entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete decidiram buscar o clamor de autoridades dos três poderes e do Ministério Público, para uma atuação urgente na solução do caos que se transformou a estrada.
Na busca incansável por melhorias de infraestrutura e tomados pela insegurança diária no tráfego pela via que é considerada a mais mortal das rodovias brasileiras, os usuários decidiram realizar uma manifestação com o intuito de sensibilizar as autoridades para a situação precária da estrada. O ato, coordenado pelo Movimento SOS BR-040, será realizado no dia 17 de fevereiro e contará com várias ações, entre elas um outdoor mostrando o número de mortes na rodovia, faixas, adesivos para carros, publicações em mídias sociais e até um cortejo na BR. Para realização das ações, o grupo, que hoje conta com mais de 600 integrantes, criou uma “vaquinha” online para arrecadar fundos.
Segundo informou Katia Negreiros, uma das coordenadoras do movimento, as ações serão realizadas dentro dos parâmetros legais, prezando pela ordem e pela vida. “Esta é uma manifestação que busca o clamor público para sensibilizar as autoridades sobre os riscos que o usuário corre para transitar por esta BR. Há oito anos vimos construindo, através do diálogo com o poder público, uma solução para trazer mais segurança para a via, e para conseguir que o contrato de concessão fosse cumprido”, explicou.
“Agora, diante de tantos acidentes, sendo a grande maioria deles provocada pelas carretas que transportam minério, não podemos mais esperar a nova concessão da rodovia para que medidas simples sejam tomadas. A construção de uma via paralela para o transporte do minério é uma das alternativas que podem diminuir a quantidade de caminhões na rodovia e aumentar a segurança. Nosso objetivo é salvar vidas”, destacou Katia Negreiros.
Instituições como a Polícia Rodoviária Federal já foram comunicadas, inclusive com a solicitação da concentração em frente ao prédio da PRF, no Jardim Canadá.
Sandoval de Souza, integrante do grupo e morador de Congonhas, participa ativamente de todas as ações do SOS e conhece cada parte do trecho mais perigoso que vai de Nova Lima até Conselheiro Lafaiete, bem como os problemas de infraestrutura e de engenharia da BR. Ele faz alerta sobre a questão climática, com período de chuvas em pancadas já anunciadas até por uma norma técnica do Fórum Permanente do São Francisco. “Com o período chuvoso a tendência é a lama se espalhar por toda a pista. O excesso de lama, combinado com a falta de sinalização e os problemas estruturais da rodovia vão trazer sérios problemas. Além disso, não podemos esquecer que o aumento do preço do minério no mercado provoca aumento de produção e da logística de transporte, com mais carretas trafegando no trecho. Se nada for feito, haverá um banho de sangue”, advertiu.
Ainda segundo Sandoval, o descaso total com o usuário, os acidentes fatais se tornando cada dia mais frequentes e a rodovia fechada por longos períodos pelo derramamento de cargas pela pista por problemas estruturais da estrada ou pela própria instabilidade do veículo pesado, são realidades que precisam ser mudadas. Ele ressalta que para transitar na BR-040 o custo é muito alto. “Pagamos pelas falhas na sinalização e na engenharia da estrada, pela insegurança causada pelo excesso de caminhões de minério, pela falta de atitude do poder público, por tantas vidas perdidas. Estudos mostram que em um trecho de apenas 54 km foram registrados 270 acidentes, com uma média de um óbito para cada 2 km percorridos”, relatou.
Leilão BH a Juiz de Fora
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) marcou para 11 de abril de 2024 a realização do leilão para a concessão da BR-040/MG, que abrange o trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora. O edital foi publicado, no último dia 29 de dezembro, no Diário Oficial da União (DOU). Estão previstos mais de R$ 9 bilhões de investimentos ao longo dos 30 anos de concessão.
Porém, a aprovação do edital não traz e nem marca a solução rápida para o trecho que atualmente está em processo de relicitação sob administração da Via 040. De acordo com o documento, as intervenções para duplicação na BR deverão ser implantadas de acordo com a localização de cada trecho, com prazos dispostos conforme a tabela do edital. As obras tão desejadas de duplicação nos trechos mais perigosos entre Nova Lima e Itabirito, no km 577 por exemplo, e outros até Conselheiro Lafaiete somente vão acontecer a partir do quarto ou quinto ano da nova concessão.
Projeto
O projeto de concessão da BR-040/MG abrange o trecho entre o entroncamento com a BR-356/MG (A) (p/ Belo Horizonte) até o entroncamento com a Antiga União e Indústria (B. Triunfo), em Juiz de Fora. Entre as melhorias previstas estão: duplicação de quase 164 km; 42 km de faixas adicionais; 15 km de vias marginais; 34 correções de traçado; 14 viadutos; 57 pontos de ônibus; 1 rampa de escape; 14 km de ciclovias; 17 barreiras acústicas; 7 caixas de produtos perigosos; 11 passagens de fauna; implantação de um Ponto de Parada de Descanso (PPD); 8 passarelas; 18 retornos em nível.
Sobre o SOS 040
O GRUPO SOS 040 é um movimento da sociedade civil organizada, criado em 2015 e é composto por usuários da BR 040, a grande maioria também moradora ou trabalhadores do entorno da via. Diante dos inúmeros e gravíssimos problemas enfrentados ao trafegar pela BR 040, problemas estes sem solução e cada vez piores, os representantes decidiram se unir para buscar junto às autoridades competentes, solução ou mitigação do caos e abandono que vigoram naquela via e do altíssimo e perigoso fluxo de veículos, caminhões e ônibus.
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