Belas, mas perigosas…

Dois mil e vinte e quatro chegou e com ele as férias… e com elas é preciso redobrar a atenção e os cuidados para garantir a diversão sem maiores preocupações. Entretanto, na maioria das vezes, a ansiedade é com as altas temperaturas, ingestão de líquidos, exposição ao sol, ambientes de piscina e praia, o que não deixa de ser inquietações de grande relevância. Entretanto, existe um aspecto que poucas pessoas se atentam, mas que quando ignoradas podem causar grandes transtornos: frequentar locais onde exista vegetação, como árvores e arbustos.

A alteração do meio ambiente pode ser provocada por causas naturais, mas na maioria das vezes é desencadeada pelo homem. Em um ecossistema, seres vivos e meio ambiente permanecem em equilíbrio. Quando fatores como luminosidade, chuva e temperatura, por exemplo, sofrem modificações juntamente com o aumento das atividades humanas no local, esse equilíbrio pode ser rompido. Assim, um ser vivo aumenta ou diminui em quantidade ou é eliminado em determinado local causando o que chamamos de desequilíbrio ambiental.

Associando o desequilíbrio ambiental aos passeios em ambientes com vegetação, exemplifico com as “Lagartas do Pinheiro”. Também e não menos importantes outras chamadas por diferentes nomes, como taturanas, lonomias, lagartas de fogo, bichinho-peludo, mandrovás, mandruvás, saiú, embirra, ambirra, lagarta-cachorrinho entre outros…

Lindas e inofensivas borboletas

Coloridas, exuberantes e famintas, as lagartas assumem esta condição temporariamente para, depois, se tornarem lindas e inofensivas borboletas ou mariposas. Sua proliferação se dá em períodos de chuva e calor da região, geralmente entre os meses de dezembro a fevereiro.

É possível encontrá-las em troncos de árvores, geralmente camufladas e em grupos. Comumente está localizada em áreas próximas de mata nativa, incluindo o meio urbano (isso devido ao processo de desmatamento das florestas locais). As lagartas do pinheiro, por exemplo, nascem nas copas das árvores, principalmente de pinheiros (daí o nome), em ninhos com formato de algodão.

“Elas podem ser lindas e fofinhas, mas apresentam cerdas (um tipo de pelo) ou espículas (espinhos) que, ao entrar em contato com a pele humana, injetam toxinas, provocando incômodos, “queimaduras”, vermelhidão, inchaço e dor local.”

A partir de janeiro, saem do ninho em direção ao chão, descendo pelo tronco da vegetação, em fila, quase grudadas umas às outras, em busca de alimentos. Por isso são também chamadas de lagartas processionárias (remetendo a uma procissão). Também formam círculos e movimentam-se sempre no sentido horário.

Causam muita curiosidade

Essas e outras peculiaridades desses seres causam muita curiosidade, principalmente em crianças e animais de estimação, que não se contentam apenas em observar e acabam tocando ou pegando o “bichinho”. E é aí que está o problema!

Elas podem ser lindas e fofinhas, mas apresentam cerdas (um tipo de pelo) ou espículas (espinhos) que, ao entrar em contato com a pele humana, injetam toxinas, provocando incômodos, “queimaduras”, vermelhidão, inchaço e dor local. Outros sintomas variam entre desconforto e dor generalizada pelo corpo, dor de cabeça, náuseas, vômitos e sangramentos, que podem evoluir para uma hemorragia severa, podendo levar à morte, principalmente, em idosos e crianças.

Em 2017, uma criança de cinco anos foi queimada por uma lagarta conhecida como Lonomia, tida como uma das mais venenosas, quando brincava numa área com brinquedos no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima. Um monte de taturanas estava ao pé de uma árvore onde acontecia um evento ao ar livre. Como foi socorrida rapidamente, a criança não sofreu complicações. A Região Metropolitana registra cerca de 60 casos por ano.

É preciso ficar atento. Ao notar a presença dessas lagartas em árvores próximas às residências e em lugares onde há um fluxo muito grande de pessoas, entre em contato com o órgão ambiental do município, para que possam ser realizadas a coleta e destinação adequadas desses seres vivos para outros locais onde não ofereçam riscos à população. E em casos de contato acidental, deve-se procurar imediatamente o atendimento médico.

Juliana Mendes Vasconcelos / Bióloga / Ma. em Ciências e Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável / Colaboradora da Promutuca / www.promutuca.com.br • adm.promutuca@gmail.com

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